quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DECLARAÇÃO LIVRE DOS DIREITOS DAS PESSOAS DESOBRIGADAS DA FELICIDADE CONSTANTE

I - Toda pessoa tem o direito de errar, mesmo que já tenham explicado a ela mil vezes o certo sem que ela tenha entendido, pois o tempo de compreender e aprender é de cada um.

II - Toda pessoa tem o direito de mudar de idéia, de se contradizer, de voltar atrás, de recomeçar, pois a melhor coisa da vida é mudar, principalmente nas coisas que a gente pensava serem imutáveis.

III - Toda pessoa tem o direito de chorar, de sentir dor, de soluçar e de ficar com ar melancólico, pois o riso, muitas vezes, é falso, enganador e insano.

IV - Toda pessoa tem o direito de fazer silêncio, de calar, de não responder, de ficar quieta e não sair tagarelando, pois no silêncio estão as melhores respostas.

V - Toda pessoa tem o direito de se cansar e de ficar doente, pois o corpo, muito mais sábio que a mente, não é de ferro e sabe sinalizar a hora de parar.

VI - Toda pessoa tem o direito de enraivecer, de xingar, de esmurrar as paredes, de jogar coisas no chão, de gritar. Pois, como disse aquele poeta, tem coisas que só o grito consegue dizer.

VII - Toda pessoa tem o direito de perder, pois só quem perde sabe o quão inesquecível e instrutiva pode ser uma derrota.

VIII - Toda pessoa tem o direito de se dar mal nos negócios, de não conseguir lidar com dinheiro, de não querer ser rico, pois quem tem muito normalmente esquece
como é viver com pouco.

IX - Toda pessoa tem o direito de ter medo, pois o medo é um bom anjo da guarda.

X - Toda pessoa tem o direito de duvidar, de perder a fé e de achar que tudo vai dar errado, pois às vezes, tudo dá errado mesmo, e não é culpa de ninguém.

XI - Toda pessoa tem o direito de não saber, pois quem já sabe tudo perde o motivo de viver.

XII - Toda pessoa tem o direito de falar bobagem, pois nem sempre é legal ser inteligente.

XIII - Toda pessoa tem o direito de se esconder, pois todo refúgio é recuperador.

XIV - Toda pessoa tem o direito de se achar o camarada mais ferrado do mundo, pois o problema de cada um é o pior do mundo para cada um.

XV - Toda pessoa tem o direito de reclamar, pois externar o descontentamento ajuda a gente a pensar sobre ele.

XVI - Toda pessoa tem o direito de desperdiçar uma boa chance, pois mesmo as boas chances, muitas vezes, não chegam em boas horas.

XVII - Toda pessoa tem o direito de não ser feliz incondicionalmente o tempo todo, pois a infelicidade faz parte da vida. E é mais feliz quem sabe lidar com ela do que quem a ignora.

Observação: Diante de tantos direitos, fica estabelecido para a pessoa o dever de preservar os outros de suas más fases, evitando o desrespeito, a agressão e a impertinência, pois precisaremos dos outros para comemorar conosco quando tudo passar.

1 comentários:

Thera disse...

Adorei! Concordo! Vou copiar pra mim! Pode? Sabe, às vezes considero hipocrisia dizer que tudo está às mil maravilhas, quando não é verdade... Não temos obrigação de achar que é normal sofrermos martírios e injustiças. As pessoas dizem: "ah, é assim mesmo, depois passa!" Dizem assim porque não é com elas, pois só quem tem a dor sabe o quanto dói. Imagine um calçado a apertar e fazer calos e você saber que tem que caminhar a pé no maior soleiro e calor de 40 graus? Imagine uma dor de dentes de fisgar até o coração? E uma dor de cabeça de parecer que há zil corações dentro do cérebro, pulsando agitadamente? E dor nos rins, com crises intensas de provocar vômitos e levar-nos à internação no hospital? E coluna queimando? Tudo isso é normal? Banal? Bem, isso foi só para ilustrar algumas dores físicas... Passar, passam, mas que nos deixam mal, a ponto de gritar, chorar, socar paredes..., é incontestável!

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