quarta-feira, 30 de junho de 2010
Agora vou cerrar as pálpebras, Senhor,
pois meus olhos terminaram , esta noite, seu trabalho.
Meu olhar outra vez em minha alma vai entrar,
após ter passado o dia todo pelo jardim dos homens.
Obrigado, Senhor, por meus olhos, janelas abertas para o alto mar.
Obrigado pelo olhar que transporta minha alma como o raio generoso conduz a luz e o calor de Teu sol.
Dentro da noite rezo a Ti para que amanhã quando eu abrir os olhos à luz da manhã clara,
estejam prontos para servir à minha alma e ao seu Deus.
Faze que sejam claros meus olhos, Senhor,
e que meu olhar, bem reto, desperte uma fome de pureza.
Faze que não seja nunca um olhar desiludido, desabusado, desesperado.
Mas saiba admirar,
extasiar-se, contemplar.
Dá-me aos olhos a graça de saberem fechar-se para melhor Te encontrar,
mas que nunca se afastem do mundo por medo.
Dá-me ao olhar a graça de ser bastante profundo para reconhecer Tua presença no mundo.
E faze que jamais meus olhos se fechem à miséria dos homens.
Que meu olhar, Senhor, seja limpo e firme,
mas saiba enternecer-se,
e que meus olhos sejam capazes de chorar.
Faze que meu olhar não suje o que tocar,
não perturbe, mas serene;
não entristeça, mas semeie a alegria;
não seduza para guardar cativo,
mas convide e arraste à superação de si mesmo.
Faze-o desconcertar o pecador, que reconheça através dele a Tua Luz.
Seja porém censura, só para encorajar.
Faze que meu olhar transtorne, por ser um encontro, o encontro de Deus.
Que seja o apelo, o toque de clarim que mobilize toda a gente cada qual à soleira da porta,
não por causa de mim, Senhor,
mas porque vais passar.
Para que meu olhar seja tudo isto, Senhor,
uma vez mais, esta noite,
eu Te dou a minha alma,
eu Te dou o meu corpo,
eu Te dou os meus olhos,
para que ao olhar os homens, meus irmãos,
sejas Tu quem os olhe
e de dentro de mim lhes acene.
- Do livro: “POEMAS PARA REZAR” – de Michel Quoist.
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